Eu tinha um sonho... Um sonho de criar algo que impactasse e beneficiasse outras vidas. Sempre fui assim, desde os 2 anos, eu já era uma "cuidadora". O tempo passou, eu cresci e mudei muito, claro. Mas há coisas que não mudam: nossa ESSÊNCIA. Sou mineira, nasci e cresci em MG. As chuvas desse janeiro foram absolutamente devastadoras, por aqui. Meu coração partiu e ainda não curou, assim como os de milhares de vidas atravessadas, ano após ano, sistematicamente, pelas enchentes, desmoronamentos e rompimentos de barragens de mineradoras e hidrelétricas.
Dessa inquietude de uma "cuidadora nata" e eterna apaixonada pela natureza que vê o próprio povo, matas, águas e animais em desespero, surgiu a ideia de criar o encontro SUSTENTABILIDADE NO DIA A DIA.
Eu não sabia ao certo o que ou como seria, só sabia que eu precisava fazer algo e que, se eu pedisse ajuda, se chamasse mais braços e vozes, para me auxiliar, maior seria o alcance e amplitude dessa ação, seja ela qual fosse.
Foi então que eu resolvi estender a mão e pedir apoio. Entrei em contato com Aline Matulja, consultora de sustentabilidade, colaboradora da plataforma YAM e co-criadora dos projetos SANA e Faz A Feira; Melissa Volk, fundadora do Slow Market Brasil; Fernanda Simon, diretora executiva do Fashion Revolution Brasil e editora de sustentabilidade da Vogue Brasil; e Daniela Delfini, fundadora da plataforma ativista e educativa Sustentaoquê e mentora de carreira com foco em Design Circular.
O que eu tinha em comum com essas pessoas, além do evidente comprometimento com um planeta mais feliz e saudável para todos e trabalhar com responsabilidade socioambiental? O fato de sermos mulheres com senso crítico, capacidade empática/compassiva e muita vontade de agir! Acho que essa seria uma boa definição para este time: mulheres que agem!
Todas elas são grandes referências para mim. Nos "conhecemos", virtualmente, através de nossos trabalhos e a ponte que me permitiu conexão com essas autoridades em sustentabilidade foi a TUAessence, minha marca de moda consciente. Através da TUA, eu me aprofundei, aproximei, engajei e aprendi muito sobre os impactos que cada uma das nossas escolhas diárias têm, em todas as vidas, de todos os seres, do planeta inteiro.
Mel, Aline, Feh e Dani, todas exemplo, inspiração e fonte de conhecimento e informação para mim. E todas, sem exceção, toparam de imediato remar nesse barco, junto comigo, assim que receberam o convite, sem titubear.
O próximo passo foi pensar qual seria o formato dessa ação. Eu, em conjunto com minha equipe, havia pensado em algo como um e-book com a compilação de saberes de cada uma delas, em suas áreas de atuação. As conversas foram muitas... idas e vindas de ideias e trocas sobre qual seria a melhor forma de entregar esse conteúdo e engajar o público, para que conseguíssemos arrecadar o máximo possível de recursos.
Aline sugeriu oferecermos algo com a presença, imagem, rostos e vozes de todas. E assim foi! Fizemos uma enquete nas redes sociais da TUA, pedindo ao público que votasse no formato preferido de entrega do conteúdo e o encontro das 5 ganhou, indiscutivelmente.
A seleção das instituições a serem contempladas com as doações partiu de uma sugestão minha. Sempre me envolvi em ações filantrópicas e beneficentes. Mas foi morando na Costa Rica, onde nasceu a TUA, num vilarejo de pescadores de pouco mais de 1.500 habitantes, sem asfalto e saneamento, por 4 anos, que eu resolvi fazer um curso de primeiros socorros veterinários e me tornei voluntária de um centro de resgate e reabilitação de animais silvestres. Isso mudou a minha vida e a minha forma de me relacionar com o meio ambiente, em especial com os animais.
Minas Gerais é um estado conhecido por suas fazendas e atividade agropecuária e eu estava acompanhando diariamente o desafio das pessoas que estavam tentando salvar os animais presos em correntes, baias, currais, gaiolas e galinheiros que ficaram completamente alagados. Ao todo foram 145 municípios completamente imersos, cobertos pela água das chuvas.
Assim, eu sugeri o GRAD Brasil (Grupo de Resgate de Animais em Desastres) que eu já conhecia pela atuação em Brumadinho e com quem já contribuia, e a Cruz Vermelha Brasileira MG, representante, em Minas Gerais, do maior e mais antigo movimento internacional humanitário.
A aula foi marcada para o dia 08/02/2022. "Coincidentemente", a data em que todas podiam era o dia do aniversário de 7 anos da TUA. E foi dada a largada, para criação de artes, articulação de plataformas e divulgação.
um encontro mágico! Tivemos mais de 60 inscrições e metade dessas pessoas veio assistir, em tempo real, a essa aula de 2 horas de conteúdos preciosos sobre como aplicar escolhas e hábitos mais sustentáveis, nas nossas vidas. Recebemos mais 30 inscrições, nas 24 horas seguintes, todos os inscritos tiveram acesso à aula gravada e arrecadamos mais de R$3.500,00.
Aline falou, em primeiro lugar, sobre a importância de conexões e troca de saberes, entre nós, humanos, e da reverberação da consciência sobre a nossa participação direta nas mudanças climáticas e condições de vida que estão ocorrendo, em todo Planeta Terra, em função das nossas ações. Ela abordou temas como a indústria alimentícia, justiça climática, agricultura urbana e citou as 4 principais das 101 ações práticas propostas pelo Projeto Drawdown para mitigação da emergência climática, que podemos aplicar em nossas casas e rotinas. São elas:
1 – Diminuir o desperdício de alimentos, comprando diretamente do pequeno produtor orgânico e/ou agroecológico e fortalecendo o trabalhador do campo;
2 – Apoiar a agricultura regenerativa e biodiversa (orgânica, agroecológica, agroflorestal, a permacultura e agricultura familiar), em detrimento do cultivo convencional de monocultura com uso de agrotóxicos;
3 – Aumentar o consumo de plantas e diminuir o consumo de produtos de origem animal;
4 – Plantar florestas tropicais, para recuperação da capacidade de sequestro de CO2 na atmosfera, apoiando projetos como o SOS Mata Atlântica, SOS Cerrado e SOS Amazônia, além de proteger os Povos Indígenas e suas terras.
Mel falou sobre a importância de entendermos o que estamos colocando na nossa pele. Que, assim como na alimentação, nosso organismo absorve todas as substâncias com as quais entra em contato. Incentivou a "auto análise", ao criarmos maior intimidade com nossos corpos e entendermos do que ele precisa, em cada momento, ao invés de consumir por impulso e influência do marketing. Falou também sobre as diferenças entre as classificações de produtos orgânicos, naturais e/ou veganos, bem como sobre a importância de dar preferência para produtos não industrializados e com menos componentes. Discorreu ainda sobre Greenwashing (também conhecido como "marketing verde" ou "mentira verde", no qual marcas comunicam um comprometimento falso com o meio ambiente, através de uma chancela ambiental que não corresponde à realidade das práticas e produtos da empresa) e Veganwashing (mesmo significado do Greenwashing, porém para produtos ditos veganos).
Feh falou sobre a Indústria da Moda e os impactos gerados pelo Fast Fashion. No âmbito social, sobre a cadeia produtiva exploratória com uso de mão de obra análoga à escravidão e, do ponto de vista ambiental, sobre o emprego absurdo de substâncias tóxicas, tanto nos processos de tingimento e beneficiamento têxtil, quanto na liberação de nanoplásticos por peças de fibras sintéticas (derivadas do petróleo. Em especial o poliéster, fibra mais utilizada no mundo), assim como o insustentável sistema de monocultura com uso avassalador de pesticidas no cultivo do algodão (2ª fibra mais utilizada no mundo), particularmente sobre o grande caso de Greenwashing do agronegócio: o lobo em pele de cordeiro, Algodão BCI (Better Cotton Initiative), também conhecido como "Algodão Sustentável" que de sustentável nada tem. E encerrou explicando porque o cânhamo é uma alternativa muito mais sustentável, não só para a indústria têxtil, mas para diversos setores do mercado.
Por fim, Dani fechou, traçando uma conexão entre a fala de todas e evidenciando como Aline, Mel e Feh expuseram, respectivamente, como estamos comendo, passando na pele e vestindo petróleo. Ela trouxe uma apresentação didática e fundamental sobre Incidência Política e maneiras de nos engajarmos e participarmos mais ativa e efetivamente, na sociedade, assumindo uma postura mais responsável e consciente do nosso poder e dever, enquanto cidadãos, consumidores e eleitores.
Essa aula gravada está disponível para todxs e a arrecadação de doações para o GRAD e a Cruz Vermelha também segue! A contribuição é livre e consciente: você doa diretamente quanto e para quem você quiser!
Para assistir basta clicar no link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=OuT9Ln0LoSU
MG precisa de ajuda e VOCÊ pode vir conosco fazer a diferença, compartilhando e reverberando esse conteúdo e doando para essas instituições!
Ser a mudança que eu quero ver no mundo está na minha ESSÊNCIA. Vamos juntxs criar esse mundo?
Fernanda Lopes Lima
@TUAessence
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